26 janeiro, 2012

Todo carnaval tem seu fim?

 Sou do tempo em que as pessoas, principalmente as crianças, se fantasiavam para pular carnaval. E nunca soube o porquê daquela alegria toda, e pouco me importava também, tudo era festa. Do tempo onde a Globeleza tinha destaque por escandalizar os mais conservadores, aparecendo com o corpo pintado na TV. Agora a fantasia é ficarem pelado(a), as crianças saem para beijar meninos e meninas - tudo junto e misturado se possível - e a Globeleza pintada, até para os conservadores de hoje, esta muito recatada e encoberta com aquelas tintas no corpo nu... 


 Uma festa órfã, abandonada por sua mãe, a religião. O carnaval surge para saciar os prazeres mundanos, suprindo assim o período de penitencia em função da quaresma. Surge como uma data onde os moralistas da igreja tampavam os olhos de seus deuses com os dedos entreabertos.

 Sua data é um pouco confusa, mudando todo ano entre fevereiro e março. Isso acontece porque sendo uma data inicialmente religiosa, ela ocorre 47 dias que antecedem ao domingo de páscoa, que por sua vez também é uma data mutável, pelo motivo o qual não vêm ao caso por hora.

 Um feriado leviano, porém sincero. A moralidade nunca foi vista com bons olhos nessa data, e cada vez mais ela se distância, observando contrafeita à distância, as pessoas se empanturrarem daquilo, que ela, os inibe o resto do ano. O carnaval pode ser criticado, pelos mais conservadores, por inúmeros motivos morais, simplesmente porque é uma data que não se esconde em motivos nobres, como tantos outros, religiosos ou não.

 No carnaval vale tudo, ou quase tudo. Ela tem uma funcionalidade para o poder governamental, que os Césares chamariam de Circo. Ela entretém o povo que se sacia e se lambuza dos prazeres carnais, sejam eles quais forem. É como se o carnaval existisse, para suprir toda a tormenta do resto do ano. Como se o governo, o tivesse criado para se redimir com a população de suas constantes falhas e desvios. E o povo muito sábio, aceita de braços abertos, beijando as mãos desses senhores e se aquietando por algum tempo de sua rebeldia.

 No natal, comemoramos o aniversário, nascimento seja o que for do menino Jesus, mesmo sabendo que ele não nasceu nesse dia. E nos esbaldamos em presentes, felizes com os senhores do capitalismo. 
 Na páscoa, comemoramos a ressurreição do não mais menino Jesus, com tradições pagãs, pintando ou comendo ovos, lambuzando a cara de chocolate. 
 E em tantas outras datas, que mudamos ou inventamos, somente para saciar nossos prazeres e desejos, com alguma desculpa um pouco ou muito hipócrita. 
 Pelo menos o Carnaval é honesto. Ele é imoral, fútil e onde as pessoas ultrapassam o senso moral. E todos sabem disso, e de bom ou não grado o aceitam.

 Uns fazem dele uso, para se alegrar mais que os outros dias normais. Sabendo que será perdoado, por seu deus - pela sua mulher/homem já não sei. Outros não o valorizam tanto porque faz de sua moralidade menos hipócrita. Sabem o que lhe é correto no carnaval será correto à vida toda. E não é essa falsa moralidade religiosa ou social que é totalmente mutável, de acordo com suas necessidades, que o fará apreciar dias sim e dias não.



 A moralidade social e religiosa esta em extinção.